Hipersensibilidade dentinária chega a afetar 35% dos brasileiros
É cada vez mais comum encontrar pessoas com dentes sensíveis que se queixam de dor ao ingerir alimentos frios, doces e ao escovar os dentes. Esse quadro caracteriza o que os cirurgiões-dentistas chamam de hipersensibilidade dentinária – que atinge 35% dos brasileiros, principalmente na faixa etária dos 30 anos. De acordo com Rayssa Zanatta, professora da Faculdade de Odontologia da Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas, essa sensibilidade nos dentes resulta de problemas na mastigação, que provocam o desgaste do esmalte e da dentina, além do aparecimento de lesões ou cavidades.
“Os dentes são formados por uma estrutura dura conhecida como esmalte, que reveste e protege toda a coroa. Por baixo do esmalte existe outro tecido, também duro, chamado dentina, que reveste e protege a polpa dental. A dentina é uma estrutura formada por milhares de micro túbulos, que estão em íntimo contato com a polpa. Quando ocorre desgaste do esmalte, a superfície externa desses túbulos é exposta, e a movimentação de líquidos no seu interior provoca estímulos que resultam em dor. Sendo assim, a sensibilidade dental é uma dor provocada pela movimentação de líquidos no interior de túbulos expostos”, esclarece a cirurgiã-dentista.
Segundo a especialista, a dor proveniente da sensibilidade dentinária está relacionada às lesões que são diferentes da cárie, justamente por não serem de origem bacteriana. “Durante a mastigação, forças e tensões são geradas sobre os dentes e distribuídas ao longo do seu eixo até a raiz dental, onde são dissipadas. Quando não há uma mordida adequada, as forças se concentram na região cervical dos dentes, junto à gengiva. Esse excesso de tensão acaba por provocar trincas e fraturas no esmalte (que é mais fino nessa região) até que ele se perde por completo e expõe os túbulos dentinários. Por isso, é importante checar a existência de um desarranjo oclusal sempre que o paciente se queixa de hipersensibilidade dentinária”, explica Rayssa Zanatta.
A professora também ressalta que alguns hábitos e condições podem acelerar o aparecimento ou aumentar a gravidade da hipersensibilidade. “O bruxismo, por exemplo, é causado pelo apertamento e ranger dos dentes durante o sono e aumenta a concentração de tensões nos dentes, além de acelerar o seu desgaste por fricção. Também a erosão dental e a abrasão podem contribuir para esse quadro. Enquanto a erosão dental é caracterizada pelo desgaste provocado por ácidos oriundos da dieta ou do estômago [refluxo], a abrasão é o desgaste promovido por substâncias presentes em determinados cremes dentais. Assim, a hipersensibilidade dentinária costuma ter origem multifatorial, associando fator oclusal, hábitos nutricionais e estilo de vida”.
O tratamento da hipersensibilidade dentinária, segundo a cirurgiã-dentista, envolve o uso de cremes dentais especificamente desenvolvidos para dentes sensíveis, além do recobrimento das lesões com materiais restauradores. “Em casos específicos, o tratamento é cirúrgico, envolvendo o recobrimento das lesões com tecido gengival. Como a hipersensibilidade é apenas um sinal, vale a pena investigar e tratar, também, casos de bruxismo e problemas de oclusão. Só assim o paciente estará livre desse tipo de dor que tanto incomoda”.
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Fonte: revistaencontro